Na quarta-feira, foi lançada a iniciativa, que visa combater o uso desses dispositivos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os cigarros eletrônicos e a divulgação enganosa da indústria do tabaco representam uma ameaça à saúde pública, estimulando o início precoce do tabagismo.
De acordo com informações do ministério, jovens que experimentam os cigarros eletrônicos têm mais chances de se tornarem fumantes no futuro, comparados àqueles que não os utilizam. A campanha está alinhada com o Dia Mundial Sem Tabaco 2024, que será celebrado nesta sexta-feira e tem como foco a proteção das crianças contra a influência da indústria tabagista.
“Por meio de linguagem jovem, a campanha visa a promover uma mudança de comportamento, além de proteger as novas gerações dos perigos do uso do tabaco, alertando sobre as táticas da indústria para atrair crianças e adolescentes, com interesse em garantir e ampliar seu mercado consumidor.”
Números
De acordo com dados da mais recente Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), em 2019, 16,8% dos alunos brasileiros com idades entre 13 e 17 anos já tinham experimentado cigarros eletrônicos. Desse total, 13,6% pertenciam à faixa etária de 13 a 15 anos, enquanto 22,7% tinham entre 16 e 17 anos. Em relação ao gênero, a taxa de experimentação foi maior entre os homens (18,1%) do que entre as mulheres (14,6%).
A variação por região foi notável, com índices mais altos de experimentação de cigarros eletrônicos no Centro-Oeste (23,7%), Sul (21,0%) e Sudeste (18,4%), enquanto o Nordeste (10,8%) e o Norte (12,3%) apresentaram taxas abaixo da média nacional.
Houve ainda aumento dos estudantes de 13 a 17 anos que declararam consumo de cigarros nos 30 dias anteriores à data da pesquisa, com o percentual passando de 5,6% em 2013 para 6,8% em 2019.
Danos
Segundo o ministério, os dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs), como os cigarros eletrônicos e outros produtos de tabaco aquecido, contêm quantidades variáveis de nicotina e outras substâncias tóxicas. Isso acarreta na emissão de aerossóis prejudiciais tanto para os usuários diretos quanto para aqueles expostos.
Regulamentação
Em 2009, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu uma resolução proibindo a venda, produção e publicidade de cigarros eletrônicos no Brasil. Recentemente, em abril, a diretoria colegiada da agência revisou as regras e determinou a proibição da fabricação, importação, comercialização, distribuição, armazenamento, transporte e propaganda de dispositivos eletrônicos para fumar.
“Mesmo alguns produtos que alegam não conter nicotina podem apresentar a substância em sua composição e suas emissões são nocivas”, ressaltou a pasta. “A nicotina causa dependência e pode afetar negativamente o desenvolvimento cerebral de crianças e adolescentes, impactando no aprendizado e na saúde mental.”
Ainda de acordo com o ministério, o consumo de tabaco é considerado importante fator de risco para doenças cardiovasculares e respiratórias e para mais de 20 tipos ou subtipos diferentes de câncer, além de outras condições de saúde classificadas como “debilitantes”.
“Alguns estudos recentes sugerem que o uso de DEFs pode aumentar o risco de doenças cardíacas e distúrbios pulmonares. Além disso, a exposição à nicotina em mulheres grávidas pode afetar negativamente o desenvolvimento cerebral do feto. Já a exposição acidental de crianças aos líquidos dos cigarros eletrônicos representa sérios riscos, pois os dispositivos podem vazar ou as crianças podem engolir o líquido ou as cápsulas.”